17/10/2014

OE 2015-Educação


Educação em 2015: 
OE para ensino básico e secundário sofre corte de 704 M€

http://videos.sapo.pt/zSjZAAVIzUew75hLNqvD .

A análise de Santana Castilho, professor universitário, e Manuel Grilo, FENPROF, num programa conduzido por Carla Alves Ribeiro. "Especial OE 2015" de 17 de Outubro de 2014.

SANTANA CASTILHO:
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«Sendo grave este corte de setecentos milhões, é preciso ter em conta que ele se soma a um corte anterior, no ensino não-superior, de 1 751.6 milhões (estamos a falar dos 3 anos deste governo), mais quatrocentos e um milhões do Ensino Superior.

E é bom que se tenha a noção de que, quando foi assinado o memorando da troika, nós tínhamos uma obrigação para com os financiadores internacionais de corte de 400 milhões de euros na educação. De um ponto de vista de ideologia, a do governo é muito mais feroz que a da troika.

Nos dois últimos anos, o gabinete do ministro (Nuno Crato) teve, por mês, € 1 356 481, e € 1 071 995, respetivamente, – por mês!! – para pagar ESTUDOS e PARECERES.

Esse mesmo gabinete gasta, por ano, dois milhões, seiscentos e doze mil, duzentos e treze euros (€ 2. 612. 213). “Para quê?”, perguntam os portugueses. 
Para pagar a:
  • 5 chefes de gabinete (cinco membros do governo que estão a destruir a educação),  
  • 14 adjuntos, 
  • 12 especialistas, 
  • 9 secretários pessoais, 
  • 26 técnicos administrativos,  
  • 12 auxiliares, e 
  • 13 motoristas!
Eu sei que, cortando aqui, não se resolvem os problemas do país, mas os portugueses e as crianças que passam fome nas nossas escolas, porque a fome voltou às nossas escolas!, e os portugueses que têm dificuldades, e aqueles que estão desempregados, e os que emigram, e os cinquenta mil professores que estão no desemprego não entendem que aqui não se mexa.

Todos sabemos que este orçamento, embora com as eleições à vista, é um orçamento que continua a aumentar a carga fiscal, porque ela aumenta de facto, e não reduz a despesa do Estado. Ou melhor, reduz as despesas que não deviam ser reduzidas, designadamente esta de que estamos hoje a falar, a Educação, que é, de facto, o futuro do país e que é o sector onde as despesas foram mais cortadas.»
 - Sobre a suspensão dos exames (dado o atraso na colocação de professores):

O ministro, que é um econometrista confesso, e que de pedagogia e de educação não percebe nada – aliás, ele próprio confessa, e quando fala das Ciências de Educação, fala das “ciências ocultas da educação”, portanto estamos conversados - , é uma pessoa que despreza, que menospreza aquilo que informa qualquer professor, designadamente, suspender, este ano, os exames.
Não será óbvio para o governo, cujo 1º ministro usou há bem pouco tempo aquela metáfora da “salsicha educativa”, e para quem as criança devem ser uma espécie de uma tripa onde em qualquer altura se despeja aquilo que o ministro, desconhecedor e incompetente, pensa, que é o caso das modificações dos programas, por exemplo.

- Sobre os cortes na educação e o cinismo do governo: 
No texto de abertura do Orçamento, pg 172 do relatório, diz-se esta coisa: “A melhoria dos índices de qualificação da população portuguesa é um factor determinante para o combate às desigualdades sociais e para o progresso, desenvolvimento e crescimento económico do país, cabendo à Educação um papel estratégico decisivo.” Lemos isto e pasmamos com o cinismo político!
É que quem diz isto cortou, durante esta legislatura, 38.6 das verbas consignadas ao ensino dos adultos, 47.6% nos complementos educativos do sector não-superior, 68.8% nos serviços de apoio ao ensino superior! E é esta gente que tem o descaramento de escrever isto no OE 2015!
Mas pior: fazem uma referência a «continuar a implementar medidas de intervenção precoce que respondam às dificuldades de aprendizagem das crianças e alunos, com vista a contrariar percursos de insucesso escolar e garantir o acesso à educação especial.» Este governo cortou 15.3% do orçamento que estava consignado anteriormente à Educação Especial, onde estão incluídas crianças com deficiências profundas! 15.3, num orçamento que já era exíguo! O mínimo que se pedia a esta gente é que tivessem decoro, quando dizem estas coisas.

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